Aquilo que almejo.
Madrugadas intermináveis. Noites mal dormidas com travesseiros jogados no chão. Cinzas de cigarro por cada canto do quarto juntamente com xícaras ainda com o cheirinho do café. Perdi noites de sono e deixei de sonhar. Agora consigo ver tudo tão mais claro. Sinto o peso da realidade nas costas. É difícil carregá-la, as costas doem e ninguém entende. E isso não me agrada nem um pouco.
Tudo está tão neutro e eu não sinto nada. Vejo coisas ao meu redor que não têm solução. E não sinto nada. Viver na estagnação não me agrada. Prefiro sentir dor a não sentir nada. Necessito de sentimentos extremos. Mas no momento estou incapacitada, ou melhor, proibida de sentir alguma coisa. Quando tento falar, me expressar, me calam. Estou vivendo como um fantoche, com cordas que me prendem e me impedem até de respirar.
Mas tenho a vontade de poder e isso não é somente a essência, mas uma necessidade. Farei o que puder. E só posso fazer mais uma coisa. Posso ser livre. Talvez não com palavras. Talvez não com olhares. Mas com a minha mente. Ser livre é sentir medo. E o medo é uma droga alucinógena. Ele me manterá viva.