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com seus garranchos....

 

A presença é o parâmetro da saudade

Lembro-me, não raras vezes, da expressão calma do seu rosto sobre meu peito, do olhar vago e ao mesmo tempo tão presente e sempre o primeiro a detectar _antes mesmo de mim_ as minhas vontades.
Lembro a forma doce que me presenteava um sorriso e da sensação de um bem-estar profundo quando nós sorríamos juntos, as lágrimas tímidas que insistiam em permanecer alí, intactas, quando as palavras bonitas não eram consideradas descartáveis, porque elas traduziam os sentimentos mais intocáveis. Nada era inefável.
Lembro-me dos nossos desejos conjuntos como no dia que queríamos chocolates suíços e das nossas disputas para comer o último bombom da caixa. Do dia em que nós decidimos juntar a galera toda pra jogar conversa fora em qualquer bar e justamente nós fomos os únicos a não ir, só pra ficar na sua casa, grudadinhos no sofá, ao som dos pingos de chuva na janela e assistindo um filminho velho na TV. Um dos beijos melhores da minha vida aconteceu naquela noite.
Lembro, com toda clareza, todos os detalhes de todos os movimentos das nossas noites infinitas _sim, somente nossas, os únicos seres existentes e tão complementares_ as quais chegavam a serem dias tão rapidamente. O seu cheiro, aquela mistura equilibrada de uma vontade louca de me descontrolar com uma vontade sensata de abraçar, me atingia o cérebro, na parte onde o esquecimento da realidade era penetrável.
Lembro-me da sua incrível habilidade de lidar com minhas preocupações banais, mas lembro de nunca ter perdido um dia inteiro para elas. Você sempre esteve com sua mão na minha mão, no meu cabelo, na minha nuca... Tudo isso para que eu não me arrependesse de ter tido um dia a menos. E eu nem sabia que cada dia estava sendo um dia a menos na sua vida, ao invés da minha.
Lembro, e se você estivesse aqui poderia jurar por tudo que eu não lembraria, depois de dois longos anos, mas lembro perfeitamente das suas lágrimas quando escapei detalhes de meu funeral: a música, a doação de órgãos, as cinzas, o rio em que seriam jogadas... Detalhes desagradáveis que uma vez na vida deve ser dito a alguém que te conheça o bastante.
E quem imaginaria, meu amor, que você partiria primeiro... E tão rápido! Levo a saudade, encostada em meu peito, em vez do teu rosto. O teu cheiro nunca mais senti senão em sonho: uma doce e agradável ilusão de um sentido. Os últimos chocolates agora sempre sobram. Até tento, mas não faço mais questão deles. A minha realidade nunca mais foi adormecida ou enganada e por fim tem sido dura. Sim, as lembranças tentam me acalmar, mas quase sempre são ineficazes; acabam por deixar um enorme vácuo dolorido, ainda. O vazio provém da tua falta. Isso sim é inefável.

Por: Flor de lis
Data: sábado, janeiro 27, 2007
Às: 12:10 PM
Comentários:
 

neste post

 
Blogger Baby Blue Says:

putaquepariu - me desculpe o palavrão para um blog tão bonito :x. Ficou lindo!
Lindo mesmo. Começa só citando os momentos, depois cita os resultados da ausência dele.. como na parte do chocolate que sobra :~~~~~~~
iraaaaaaaaado!

 
 
Blogger llllxx Says:

Nossa! Que texto!!! Um bom começo para um excelente final...E concordo com baby blue, a parte dos chocolates que sobram, é um charme e tanto nessa prosa.

Parabéns...

 
 
Blogger Renata Ribeiro Says:

Lindo texto..pequeno, simples, mas cheio de detalhes fascinantes!
Muito bom!

 
 
Anonymous Anônimo Says:

senti um aperto ao ler.sua dor foi a minha por um momento.

 

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