Marasmo (pt 1 de 3)
Dedico este conto à minha amiguinha Jade, que gosta dessas besteiras que eu escrevo.
=*'s Denga
Sempre fui a rejeitada da família. A punkzinha nojenta que todos tinham vergonha até de olhar de tão desgarrada que eu era. Passaram-se anos até que minha onda punk, seguida da minha onda comunista, depois anarquista, depois cética, passasse e eu pudesse ser vista em minha família como uma pessoa racional que merecia ser ouvida e que, talvez, tivesse idéias não tão loucas. Aceitei finalmente minha posição no mundo como mera ppassageira. Uma ferramenta, nada mais. Não era revolucionária, nem intelectual, nem a cientista que sempre sonhei ser. Aceitei que meus anos de faculdade de biologia e de ciências da computação não me serviram para me tornar a grande descobridora da inteligência artificial, mais sim a mais ou menos professora de 2º grau de Biologia com nenhuma perspectiva de algo maior apenas aos 27 anos. Comecei a aceitar o fim dos meus sonhos como quem aceita uma dose de cachaça todos os dias só pra se distrair: sem perceber. Aceitei que aos 25 não estava morando em milão e com 1 filho maravilhoso e um marido, ainda estava cursando minha 2a faculdade e sem perspectiva de deixar Pequenópolis - por vários motivos.
Era noite. Cansada de mais uma jornada trabalho/faculdade acendi um cigarro. Era o último da carteira então resolvi ir ao posto de gasolina comprar mais e fumar um baseado no caminho. Ao chegar no posto me dei o direito de uma cerveja gelada para recompensar os 20 mins de caminhada até lá. Degustei meu troféu de vitória até sua última gota e então olhei para o celular para ver a hora. 1:30 da manhã. Comecei a andar para casa, não vi problema já que eu sempre andava por ali e haviam muitos porteiros de apartamentos pelas áreas, e, se algo acontecesse, eles com certeza ligariam para a polícia dando a minha descrição e a do assaltante. De repente, na frente de uma guarita, encosta um carro. Celta prata. Um cara. Ele me mandou entrar no carro. Imaginei logo o vigia do prédio que eu havia acabado de passar ligando para a polícia e uma descrição minha sendo dada nos radios para todos alertas, como em qualquer filme. É lógico que isso não aconteceu. Deveria ter assistido menos filmes e lido mais Murphy e Nietzsche. Ele Tinha uma máscara no rosto e me vestiu um capuz preto na cabeça. Depois, me jogou no banco de trás e me mandou ficar calada.
Ele dirigiu pelo que pareceu para mim umas 6 horas, mesmo que racionalmente houvesse percebido que ele não parou em posto de gasolina algum. Ele abriu a mala e me tirou de lá como quem tira um saco de compras pesado de um canto pra outro. Ouvi o ranger de uma porta abrindo e a mão daquele estranho me empurrando forte indicando que eu entrasse. Entrei e continuei andando até que ele me mandasse sentar. Sentei no chão e percebi que era de madeira. Não reconhecia o cheiro daquele lugar. Ele removeu o capuz da minha cabeça e, ainda de máscara, me disse pra calar a boca e esperar quietinha. Pensei calma que aquilo era a coisa mais animada que havia acontecido na minha vida em anos. Fiquei quieta, e esperei até que ele desse sinal de vida de novo. Não tentei me mexer ou me levantar. Simplesmente fiquei lá, deitada, calada, aguardando meu fim. Meu tão esperado fim.
Ele voltou depois de algumas horas. Já era manhã. Ele não falou comigo. Sentou na minha frente, mascarado, e ficou me olhando. Ele disse que eu podia dormir, que ele não iria tocar em mim. Por incrível que pareça, deitei naquele chão e dormi. Estava tranquila. Aceitava que ali havia chegado o fim da moça que havia vivido a vida medíocre que eu estava vivendo. O fim do rastejar.
(...)
CONTINUA NO PROX CAPÍTULO.
=*'s Denga
Sempre fui a rejeitada da família. A punkzinha nojenta que todos tinham vergonha até de olhar de tão desgarrada que eu era. Passaram-se anos até que minha onda punk, seguida da minha onda comunista, depois anarquista, depois cética, passasse e eu pudesse ser vista em minha família como uma pessoa racional que merecia ser ouvida e que, talvez, tivesse idéias não tão loucas. Aceitei finalmente minha posição no mundo como mera ppassageira. Uma ferramenta, nada mais. Não era revolucionária, nem intelectual, nem a cientista que sempre sonhei ser. Aceitei que meus anos de faculdade de biologia e de ciências da computação não me serviram para me tornar a grande descobridora da inteligência artificial, mais sim a mais ou menos professora de 2º grau de Biologia com nenhuma perspectiva de algo maior apenas aos 27 anos. Comecei a aceitar o fim dos meus sonhos como quem aceita uma dose de cachaça todos os dias só pra se distrair: sem perceber. Aceitei que aos 25 não estava morando em milão e com 1 filho maravilhoso e um marido, ainda estava cursando minha 2a faculdade e sem perspectiva de deixar Pequenópolis - por vários motivos.
Era noite. Cansada de mais uma jornada trabalho/faculdade acendi um cigarro. Era o último da carteira então resolvi ir ao posto de gasolina comprar mais e fumar um baseado no caminho. Ao chegar no posto me dei o direito de uma cerveja gelada para recompensar os 20 mins de caminhada até lá. Degustei meu troféu de vitória até sua última gota e então olhei para o celular para ver a hora. 1:30 da manhã. Comecei a andar para casa, não vi problema já que eu sempre andava por ali e haviam muitos porteiros de apartamentos pelas áreas, e, se algo acontecesse, eles com certeza ligariam para a polícia dando a minha descrição e a do assaltante. De repente, na frente de uma guarita, encosta um carro. Celta prata. Um cara. Ele me mandou entrar no carro. Imaginei logo o vigia do prédio que eu havia acabado de passar ligando para a polícia e uma descrição minha sendo dada nos radios para todos alertas, como em qualquer filme. É lógico que isso não aconteceu. Deveria ter assistido menos filmes e lido mais Murphy e Nietzsche. Ele Tinha uma máscara no rosto e me vestiu um capuz preto na cabeça. Depois, me jogou no banco de trás e me mandou ficar calada.
Ele dirigiu pelo que pareceu para mim umas 6 horas, mesmo que racionalmente houvesse percebido que ele não parou em posto de gasolina algum. Ele abriu a mala e me tirou de lá como quem tira um saco de compras pesado de um canto pra outro. Ouvi o ranger de uma porta abrindo e a mão daquele estranho me empurrando forte indicando que eu entrasse. Entrei e continuei andando até que ele me mandasse sentar. Sentei no chão e percebi que era de madeira. Não reconhecia o cheiro daquele lugar. Ele removeu o capuz da minha cabeça e, ainda de máscara, me disse pra calar a boca e esperar quietinha. Pensei calma que aquilo era a coisa mais animada que havia acontecido na minha vida em anos. Fiquei quieta, e esperei até que ele desse sinal de vida de novo. Não tentei me mexer ou me levantar. Simplesmente fiquei lá, deitada, calada, aguardando meu fim. Meu tão esperado fim.
Ele voltou depois de algumas horas. Já era manhã. Ele não falou comigo. Sentou na minha frente, mascarado, e ficou me olhando. Ele disse que eu podia dormir, que ele não iria tocar em mim. Por incrível que pareça, deitei naquele chão e dormi. Estava tranquila. Aceitava que ali havia chegado o fim da moça que havia vivido a vida medíocre que eu estava vivendo. O fim do rastejar.
(...)
CONTINUA NO PROX CAPÍTULO.
Ê, lê lê, obrigada por lembrar de mim, queriiida! E não são bobagens. ;)
Eu poderia simplesmente esperar pra ver o desenvolver desse sequesto, mas tenho algumas considerações iniciais a fazer.
Primeiramente, é incrivel o tom realista das coisas que vc escreve. Parece que estou lendo Harry Potter e imaginando cada passo do jovenzinho apavorado - ou, neste caso, da moça entediada.
'Segundamente', é apavorante e chocante pensar que até um desastre serve de cano de escape pra a vida medíocre de algumas pessoas, né? Como pode vir a significar "a maior aventura em anos".
'Terceira' e finalmente, aguardo ansiosamente pelo desenrolar do conto.
Beijo Beijo!
bem ,. harry potter não é necessáriamente um elogio, mas enfim hehehehe
muito forte essa sua história, hein larissa. ela acaba numa cena tórrida sexo com o sequestrador? (queria que sim, seria nice!)
vc escreve muito bem :) incrível como temos estilos diferentes! vc escreve de forma simples, coloquial, com elementos do dia à dia... eu sou sempre tão fissurada por palavras difíceis e colocações eruditas.. hehehe
viva à diversidade!
quando vocês ficarem famosas me chamem pra tomar uma e falar de seus livros, viu? :~
e tá faltando o 1º encontro bilhetinho azul!
Tudo isso deve ser filmado, e tenho dito.
sim!!!!!!! temos que sair todas nós!!!! só as mulheres... sem osnamorados!
Pow...viajei mesmo...jurava que ia ter sexo..ahahahah