"Nada vem de graça, nem o pão, nem a cachaça"
Zeca Baleiro ao cantar isso, jamais pensou o quão certo havia sido o que tinha dito, com certeza. Ao escutar também essa música pela primeiríssima vez eu não vi nada de tão extraordinário, porque parecia óbvio. Mas é mais do que isso. É extremamente filosófico. Extremamente expansivo e talvez a maioria das pessoas concordem comigo. Tudo tem um preço, e arrisco a dizer que até pra sonhar se paga caro. Claro, há uma repressão contínua, há os esforços para realização, há a inimizade da baixa estima, a força de vontade firme, o cansaço, as decepções. Que fique bem claro que o que proponho não se insere numa perpectiva apenas material, me refiro principalmente a uma atmosfera abstrata, como por exemplo os sentimentos. Se fosse apenas numa realidade material o texto sairia como bestial, já que é mais do que claro que numa sociedade diretamente originada da estrutura capitalista e sem jamais conhecer a cultura pobre em tecnologia, mas rica em valores verdadeiros, não existiria qualquer bem que para usurfruí-lo não tivesse que pagar monetariamente. Assim sendo, refiro-me mais curiosamente ao assunto relacionado a alma. O Amor, por exemplo. O Amor e toda essa idealização boa e salvadora da humanidade que o rodeia, nada mais é do que um produto pra ser comprado/trocado/consumido. Chamaria mais profundamente de subproduto, já que anda camuflado e, portanto, fingindo estar como cumpridor de uma missão tão enorme (melhorar o mundo), quanto a sua cara de pau. Apenas quem enxerga por trás das convicções, caro leitor, conseguirá armazenar, arrumar, entender e projetar o que está sendo dito. Como dizia Nietzsche: "As verdadeiras inimigas da verdade são as convicções" e não as mentiras. Essas estão escancaradas por aí; é só abrir os olhos. Mas as convicções... É preciso muito mais! INVESTIGAÇÃO e QUESTIONAMENTO. Não aceitar os conceitos prontos. Não aceitar que o amor seja encarado como um sentimento gentil, como o super herói valente e salvador dos pobres. É justamente através dele que acontece as injustiças. Os pobres só são pobres por causa desse amor, dessa caridade suja e ofuscada, dessa esmolinha concebida por cada um. De novo Nietzsche, todo amor é amor próprio, todo serviço é auto-serviço. O ser humano é egoísta por si mesmo e jamais sentirá o conceito de amor atual nas suas entranhas. É tudo muito bonito, tudo muito fácil. Infelizmente cobramos o "amor" que cada um sente por nós e somos cobrados o tempo todo, imperceptivelmente, por esse super herói grotesco. A partir daí percebe-se que tudo o que chamávamos de bom torna-se duvidoso, torna-se a natureza nojenta do homem. E aí nos perguntamos se é nessa hora que o mal vira bem e virse-versa.
nota-se uma grande mudança de perfil nesse texto com relação ao outro, e não digo isso pelo tema diverso do qual ele trata... é o jeito como ele foi escrito mesmo.
é o jornalismo!
:)
quero ver mais textos seus aqui, flor!