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com seus garranchos....

 

Palavras apenas??

As palavras que cortam são aquelas que saem imperceptíveis da  boca de quem as diz. Saem como ar: quente, leves, invisíveis. Quem as sente, sente toda sua lâmina cortar até o osso. Feridas incicatrizáveis que acompanharão nossos corpos enquanto formos vida. Sempre que formos tomar um banho, sempre que alguém tocar em nossa pele ou que olharmos no espelho. A ferida pode estar coberta mas está lá... medicamente sarada e psicologicamente aberta. Isso quando não fazemos nós mesmos o favor de abrir fisicamente de novo o mesmo passado.
Quando se ouve palavras deste tipo elas ecoam, e em cada cando que este som bate deixa pra trás um vão dolorido. Um vazio explicavelmente tolo, ao passo que impreenchível. Tão concreto que se torna tocável, tocante, total.
E aí não há desculpa que tape. Não há mão que se segure nem eu te amo que preencha. Já foi devastado. E como o solo de um canavial queimado, está infértil e desgastado e para voltar a produzir leva tempo e trabalho.
São coisas que quem diz, às vezes, nem acredita de verdade; falou só pra magoar. Só que quando uma pedra é atirada em direção de uma pessoa ela pode bater em qualquer canto. A mesma pedra que bateria no chão e assustaria pode bater na cabeça e causar um traumatismo irreversível. Palavras pode ser paralelepípedos atirados de um 8o andar ou um grão de areia soprado em sua direção: em ambos os casos as possibilidades são infinitas. Até o grão de areia pode te cegar... e o paralelepípedo pode passar a metros de você e nada acontecer. Na minha experiência com palavras atiradas - e recebidas -  são aquelas areias sopradas em seu olho ao acaso, pelo vento, as que te cegam pruma vida inteira. Elas te pegam de surpresa, elas são... inesperadas, loucas, sem sentido, sem cabimento pr'aquela situação... E deixam marcas profundas de algo tão raso. Algo tão esquecível... não fosse você o ser em questão.

Por: Desatinada
Data: sexta-feira, junho 28, 2013
Às 4:19 PM
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Falha no ato

Não me peça perdão, não.
Nem amor nem dor.
Nem a cor dos outros verões
Não me peça ordem
Nem boca calada
Nem fingimento amargo
Eu sou a flor despetalada no outono!
Não me peça lágrimas de sorte
Nem que seja forte
E que esqueça o corte
A sorte é o pranto abafado com um trago
O fato é que o ato foi morte.

Por: Renata Ribeiro
Data: sábado, novembro 08, 2008
Às 9:26 AM
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Aquele do Depoimento

Após ter sonhado com você, acordei meio sentimental. Pode ser a TPM, ou qualquer outra coisa do tipo. Logo eu, que sempre te achei exagerado por você exalar e gritar seus sentimentos, sem vergonha alguma que os outros soubessem o que você estava sentindo. Quem diria? Você me ensinou tanta coisa que eu não percebi na hora certa. Falta de maturidade, talvez. Ou até mesmo ignorância, da minha parte. Sei que posso estar enganada, porque nossos momentos juntos aconteceram há algum tempo atrás, e você pode até estar mudado, mas hoje eu acordei e senti uma enorme saudade de você. Lendo cartas e vendo fotos, não me contive. Meu primeiro e único amigo. Amizade de longa data, 10 anos ou um pouco mais. E daquele tempo, você é o único que, ainda hoje, eu abro a boca pra dizer que é meu amigo.
Sempre tive, uma certa, vergonha de dizer o ‘te amo’, e você sempre falou de uma maneira tão simples. Achava até que era hipocrisia sua, mas, mais uma vez eu estava enganada. E, hoje, posso dizer com toda certeza, que você foi o meu primeiro amor. Não amor carnal, passional, mas o amor verdadeiro, de amizade. Aquele amor puro sem nenhuma pretensão.
Antes mesmo de você viajar nós já estávamos afastados, e quando você foi eu não dei muita importância. Mas agora vejo o quanto você me faz falta. Me perdoa pela distância que nós mesmos criamos entre nós. Espero que agora, que você está pra voltar, nós não permitamos mais esta ‘parede’ entre nós. Sinto saudade da sua companhia. Da sua criatividade, sempre à flor da pele. “Quando vocês dois se juntam, os trabalhos sempre são impecáveis!” Era isso o que diziam de nós dois juntos. Lembra?
Nunca permiti ninguém falar qualquer coisa de você. Recentemente vieram falar um absurdo, virei onça. E a partir daquele momento vi que você ainda é muito importante pra mim. Diria até que você me é necessário. Uma amizade como a nossa é difícil de existir, e me sinto lisonjeada por tê-la com você.
Você pode até achar isso tudo um blá blá blá, uma encheção de saco. Até porque você NUNCA me viu assim: de coração aberto. Sempre fui muito introvertida. Mas é o que eu realmente estou sentindo.
Preferiria que você não aceitasse isso, porque ninguém mais precisa saber, apenas você. Mas sinta-se a vontade!

Miss u. Take care!

Por: Sweet Sweet
Data: sexta-feira, agosto 08, 2008
Às 12:35 PM
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Aquilo que almejo.

Madrugadas intermináveis. Noites mal dormidas com travesseiros jogados no chão. Cinzas de cigarro por cada canto do quarto juntamente com xícaras ainda com o cheirinho do café. Perdi noites de sono e deixei de sonhar. Agora consigo ver tudo tão mais claro. Sinto o peso da realidade nas costas. É difícil carregá-la, as costas doem e ninguém entende. E isso não me agrada nem um pouco.

Tudo está tão neutro e eu não sinto nada. Vejo coisas ao meu redor que não têm solução. E não sinto nada. Viver na estagnação não me agrada. Prefiro sentir dor a não sentir nada. Necessito de sentimentos extremos. Mas no momento estou incapacitada, ou melhor, proibida de sentir alguma coisa. Quando tento falar, me expressar, me calam. Estou vivendo como um fantoche, com cordas que me prendem e me impedem até de respirar.

Mas tenho a vontade de poder e isso não é somente a essência, mas uma necessidade. Farei o que puder. E só posso fazer mais uma coisa. Posso ser livre. Talvez não com palavras. Talvez não com olhares. Mas com a minha mente. Ser livre é sentir medo. E o medo é uma droga alucinógena. Ele me manterá viva.

Por: Sweet Sweet
Data: terça-feira, junho 24, 2008
Às 8:41 PM
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Se eu fosse madeira
Saudade seria cupim.

Por: Baby Blue
Data: sexta-feira, junho 13, 2008
Às 1:00 AM
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Eu ainda sinto.

Quando as dores deixam de ser metafísicas e se sente o que é concreto incomodar, logo se vê o quanto é duro estar vivo. Dói o corpo todo porque é bom quando se faz doer. Agora, sente-se as dores abdominais, uterinas, dores de cabeça e muscular. Antes o que me fazia gemer na cama eram motivos abstratos, onde a existência não se pode provar, mas não se cura com nenhuma droga de farmácia.

Nem febre de quarenta graus tem tanta intensidade quanto os calafrios que eu sentia nos seus braços. Hoje a pele queima,os pés são frios. Com você existia calor permanente, tudo era devidamente aquecido. Existiam caixas cheias de remédios, casacos mofados, livros interrompidos no meio, as canções tristes não estavam no playlist. Os domingos pareciam sextas-feiras especiais: almoço tarde, cardápio variado, programas milimetricamente planejados, ou até mesmo as horas corriam com surpresas atrás de surpresas, mas sempre dava tudo certo.

No controle da TV nunca faltava pilha, o relógio não parava, a geladeira não fazia barulho. Hoje, tudo virou entulho. As coisas perderam o seu valor, a cor. Vejo tudo em tons de cinza feito filme antigo. Minha vida virou cinema mudo. Sinto apenas cheiro de cigarro. Á parte disso, não sinto mais nada, não faço nada. E toda vez que o telefone toca eu penso que poderia ser você. Poucos segundos depois, percebo que a voz não é a sua e que eu seria uma completa otária-sonhadora se eu não fosse quem eu sou. Ainda guardo muita convicção do que represento individualmente, mesmo tentando anular algumas lembranças passadas. Seleciono o que devo esquecer e reforço o quão boa eu fui, passei e não volto mais na sua vida.

Por: Baby Blue
Data: sexta-feira, junho 06, 2008
Às 2:20 PM
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Escrever...

Decidi apresentar meus pensamentos, até então tão bem escondidos que demorei pra convencê-los a sair. E escrever foi a melhor forma que encontrei de me sentir entendida. Escrever me faz descobrir quem realmente sou assim com defeitos mesmo. Muito frágil capaz de quebrar com um simples toque, e muito forte por tentar enfrentar meus medos. Escrever me faz pensar sobre a vida, morte, desejos, conflitos, realizações, fracassos... me faz ver que eu sou a contradição eterna. Se hoje eu gosto disso, amanhã eu já odeio. E nem tente me dizer que odiar é forte demais, porque eu sei disso e é o que realmente sinto. Tenho uma forte apreciação por gostos contraditórios.
E nessa linha de raciocínio, tento fugir dos padrões. Não que eu não goste. É eu não gosto! Uma vez, no colegial, briguei com meu professor de filosofia: “... mas quem impôs esses padrões? E se, no começo, eu tivesse dito que dois mais dois não são quatro e sim cinco, você aceitaria?”. Ele me achou louca. Óbvio! Mas é duro pensar que toda uma sociedade segue padrões que meia dúzia de pessoas ditou como padrões de vida. Não suporto isso. Cadê a liberdade de escolha, a liberdade de expressão? Mas não: “... eu não posso fazer isso porque é deselegante, o que eles pensariam de mim?”. Estou farta disso tudo!
Quando digo que é Carpe Diem é porque é mesmo. Sei, hoje em dia, tem sido um clichê, mas é o que realmente sinto desde o meu 1º ano colegial, sentada na primeira fila, olhando compulsivamente para o professor de literatura falar sobre a escola árcade. “A certeza da fugacidade do tempo e o apelo à fruição imediata dos prazeres. Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã.”
E sou assim: coração a mil e pensamento a um milhão.

Por: Sweet Sweet
Data: quarta-feira, junho 04, 2008
Às 6:47 PM
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Ingredientes

Quando eu nasci...alguém decidiu que eu deveria ser feita de dois ingredientes básicos para minha sobrevivência: força e amor!Talvez essa combinação pareça, a princípio, incompatível...Mas no meu caso, não foi!Ao longo dos meus anos de vida...precisei usar a força, a coragem, a aparente imparcialidade diante dos trágicos acontecimentos para segurar a minha barra e a das outras pessoas que viviam comigo....Até esse tempo...nunca me vi, nunca me percebi feita de amor...nem queria ser feita assim...o amor era para os fracos, eu pensava.
Foi assim durante um bom tempo.
O que eu não esperava era as outras pessoas descobrirem por mim...o amor que eu tinha guardado durante todo esse tempo! 35 anos de existência mórbida!
A Amazona de Couraça representada por mim....era, muito mais que qualquer outra coisa, a negação da Bonequinha de Louça existente no meu coração...Agora eu entendia o motivo das frequentes crises existenciais...medos súbitos da solidão e da incerteza do futuro....Entendia porque me sentia tão forte....na verdade, eu precisava ser!Entendia, também, porque inúmeras vezes encostava a cabeça no ombro de alguém em busca de acolhida...e, mais que isso, sempre estava insatisfeita com a acolhida das pessoas...Quem poderia imaginar que aquela mulher...tão independente, decidida...e inúmeros outros adjetivos referentes à força....estava, no íntimo, buscando afeto, contato ?
Ninguém.
E agora, o que fazer com a descoberta da minha verdadeira dinâmica da personalidade?
Aceitar. Amar, amar e amar. Sem medo!
Porque, agora, o que conta para mim...não é mostrar força, frieza, coragem...e o que mais for característica de uma Amazona....é participar, ativamente, do ciclo de contato presente na manifestação afetiva da Bonequinha de Louça!

Por: Renata Ribeiro
Data: quinta-feira, maio 15, 2008
Às 8:36 AM
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Os supermercados nunca foram tão tristes.

Das quedas mais imprevisíves às reações mais truculentas. E é assim. Do jeito que eu gosto. Com toda a ausência de verdade no ar. Deixar-se longe por algumas horas em pensamento ou fisicamente é a melhor forma de sentir a vida como ela é.

A miopia é uma dádiva que poucos têm. A visão engana, desfoca, deixa a desejar. A parte boa está no exergar quando se pode, quando se quer. O controle dos fatos, a desobediência da mentira.

Tenho uma preferência muito suspeita para com a boêmia. Aplaudo canções tristes, aprecio copos na mesa. Agarrei o meu drama e dele não solto mais. Isso me faz bem. Aqui, gostos amargos também são sentidos, não ignoro os sentimentos tão renegados. Dou o seu valor merecido, o preço dos desconsolados.

Se eu soubesse usar métrica, faria poemas, sonetos, te escreveria uma carta. Mas eu não sei. Tenho a simplicidade dos mais ingênuos, errantes. Tropeço na rua, esbarro, desarmo. Acho bonito perder a pose, desequilibrar, ser vencido pela madrugada.
Valorizo o riso alto, as conversas desastradas, os encontros ao acaso.

Então não se culpe, tampouco ostente zombaria. Gosto da velocidade da queda e do coração em pedaços. Faço uso continuo da tristeza e até nego alguns abraços. Me preencho do que posso, não ligo pros seus atos. Pulo em cima, danço, me acabo.
Me abstenho de valores, não sinto. Atropelo traições, arrisco e jogo tudo à vera.

(...)


No final: minto muito, choro pelos cantos, me desfaço, me arrasto!

Por: Baby Blue
Data: quarta-feira, abril 30, 2008
Às 6:18 PM
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Where is my love?

E estamos nós aqui de novo. Digo nós porque quem me conhece sabe que eu sou alguém que vive no plural. Afinal, consciência são milhares de pessoas dentro da sua cabeça. Voltei a escrever só para ter um modo mais simples de vomitar as coisas absorvidas que já estão apodrecendo aqui dentro. Pois é, sentimento também tem validade. E o meu já está fedendo e criou fungo. Então é hora de limpar, fazer aquela velha faxina, bloquear e deletar aqueles contatos...

Eu mudo e desmudo de paixão. Minha mãe vive dizendo que não sabe o que fazer para mim no jantar porque o meu prato favorito muda a cada mês. Escuto isso calada pois sei que é a pura verdade. E ainda bem que ela sabe disso. Pena que não é todo mundo que tem esse conhecimento. Evitaria as conversas inconvenientes de despedida. Aquelas sabe... "Oi, eu não te amo mais. Não, não... o problema não é com você, é comigo!" Grande clichê que simplifica tudo em meras palavras suaves. Brilhante eufemismo.

Evito chocolate todo dia. Não é que eu não goste. Eu adoro. Mas aí é que tá, a presença da saudade me faz viver. O gosto de quero mais, da espera pelo 'bis', fazem com que o tempo tenha uma pitada de esperança camuflada por trás dos sentimentos que a falta causa. Estar completo é um fardo, um sinal do fim.

Sabe quando fugir é o melhor caminho? Então é isso. Já virei de costas, respirei fundo e comecei a correr para bem longe de você. Não quero mais ouvir seu sotaque forçado quando você tenta fazer uma entonação diferente nos advérbios de intensidade.
E cantar as palavras para dar mais força no seu sentido não muda nada. Só pelo fato de você não conseguir dizer "Eu te amo".
Fora aquelas duas vezes que você deixou escapar baixinho entre um ou dois beijos.

Acontece que eu não acho mais graça nem nas piadinhas machistas e muito menos no pseudo-sotaque. As suas tentativas de me fazer sentir ameaçada não colam mais. Foi-se o tempo que eu me importava com as coisas ao seu redor. Até o dia que eu não me achei na sua eletrosfera. Não existe mais atração, nem física, nem química. Restaram apenas umas palavras que não foram ditas. Uns discuros e lágrimas que só o meu travesseiro teve conhecimento.

 
 

Onde? Aqui? (pt1)

Nada. Foi o que sobrou depois que ela saiu. A briga desta vez tinha sido feia, e dessa vez sabia que ela não iria voltar atrás. 'Onde estava com a cabeça? Chamá-la de vagabunda assim, sem mais nem menos? Ela tem todo o direito de ir e vir com quem quiser, e eu... bom, e eu todo o direito de sentir ciúmes. É. A culpa é dela no fim das contas, quem mandou tá ligando prá ex namorado pra ser amiguinha...' Pensava Eraldo olhando fixamente para o lugar onde ficava o violão dela. Com um copo de vodka na mão e um cigarro na outra, ele lembrava de como sua bunda era gostosa de apertar.

'Merda, eu fiz merda. Quem vai querer transar com um trintão compositor de jingles desempregado? Agora terei que recorrer a prostitutas... mas como, sem dinheiro nem pra comer. MERDA!' e atirou o copo na parede. 'Merda de novo! Este era meu último copo!' disse ele levantando e indo até a geladeira para pegar a garrafa. 'Até o meu teclado os malditos levaram. Não trabalho porque não tenho instrumento, e não tenho instrumento porque não trabalho. Acho que vou me candidatar à vaga de pedreiro do outro lado da rua...'

Seus pensamentos foram interrompidos por um bater na porta. Quem será uma hora dessas, pensou.
-Sr Erivaldo Rocha?
-Sim, é ele.
-O senhor está sendo convocado para uma audiência na delegacia.
-O quê-ê-ê?
-Queira me acompanhar, senhor.
-Mas, mas, porque?
-Mais detalhes na delegacia, senhor.

Ele entrou no carro do oficial de justiça e, intrigado, perguntou:
-Isso tem a ver com Sônia?
-Não posso dar nenhuma informação.
-Só pode ser armação daquela piranha.

Chegando lá, estava Lídia, sua vizinha, toda arrebentada. Tinha o olho roxo, a camisa rasgada e a barriga coberta or hematomas.
-Lídia! O que houve?
-Eu num disse a você, seu delegado, ele ia se fazer de desentendido?
-Como assim?
-Seu miserável, foi você quem fez isso comigo! Assim que chegou em casa!
-Eu?
-Você!
-Eu jamais faria iso com uma mulher...
-Foi exatamente o que você falou quando estava me esmurrando... e gritando dizendo que... que... - ela chorava - que eu sou um travesti!
-Você é?
-Lógico que não!
-Eu não tô entendendo nada...
-Silêncio... Disse o delegado. Então o senhor nega as acusações? Haverá um exame de delito e se a senhora Sônia Gisele da Cunha testemunhar contra o senhor, estarás atrás das grades! Por enquanto, estarás detido. Guardas, levem-no.


Pronto, agora tudo ficara mais louco do que o normal. Como foi que ele havia feito isso e não lembrava?
-Ei, eu tenho direito a uma ligação...
-Tá certo...

-Alô, Sônia?
-Pensei que nunca fosse ligar. Está pronto pra pedir desculpas? Eu espero que a dona Lídia nao resolva dar parte.
-Mas é exatamente isso, eu estou aqui na delegacia, detido. Não me lembro de nada disso. O quê que eu fiz?
-Ah, sabichão... então você não lembra de nada?
-Nadinha...
-seu bebum!
-Eu não estou bebado!
-Eu cheguei no seu apartamento e você estava fazendo a dona lídia de saco de pancadas... gritando horrores. Eu te tirei de cima dela, coloquei você dentro do apê, te dei um copo de vodka (já que água nao tinah na sua casa) e você então começou a ME chamar de vagabunda...
-Pois é, aí é que tá... eu só me lembro de você chegando e eu sentado bebendo.
-Você não lembra de nada?
-Nada.
-Bom, eles não podem te manter ai... verei o que faço... tô chegando aí.
-Valeu...
-tchau
-Sônia...
-O que?
-Me desculpa. foi só ciume besta...
-Agora nao, depois você me pede desculpas do jeito que eu gosto. Estou chegando.

***
é, galera, parte 1... Tá um lixo mas... vamos ver no que dá... de repente dá uam reviravolta ai... ou eu abandono o texto

=D

Por: Desatinada
Data: sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Às 10:58 AM
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Fingi na hora rir.

Por que raios eu sempre estou em dúvida? É um estado de suprema indecisão que me pega pela cintura e não larga mais. Eu tinha tudo pra saber o que eu quero de verdade, sabe? Eu sou metida a besta pra caraleo pra certas coisas, noutras me perco ao ver tantas possibilidades, prós e contras. E eu sei o porquê de tudo isso. É um medo fodido de dar errado, de perder todas as fichas, apostar o apartamento, a minha mãe, e ficar sem nada.

Todo mundo sabe que se a gente soubesse o que viria depois das escolhas a vida não teria graça e todo esse blá blá blá que pessoas bem resolvidas e pés no chão falam, maaaaaas, deixa eu reclamar em paz! Eu gosto mesmo de reclamar. Me sinto viva! Ser imparcial e achar tudo lindo é bem pior que não saber o que fazer.

Confesso mesmo: me cago de medo do futuro. Sinto arrepios quando me imagino gorda e cheia de filhos, ou magra, complexada e sozinha. Essa incógnita que é o amanhã não me deixa dormir muito bem. É que eu gosto de saber o que me espera, o que está por vir. Gosto dos programinhas, da agenda lotada de coisas (e dos V de Visto do lado de cada item realizado), as rotinas saudáveis - sem sustos e ataques do coração. Pode dizer que minha vida é sem sal. Pode mesmo!


Eu passei um tempão pensando nessa escolha que eu fiz agora. Um baita tempo perdido. E falo isso com uma dor no estômago que só senti umas duas vezes. Parei, olhei, analisei calmamente, procurei separar as partes positivas das negativas e grifei de diferentes cores. Continuei com o pé atrás, quase perdi a jogada, arrisquei, consegui e agora não sei como continuar. MAS QUE MERDA!

Lá vamos nós de novo. Metendo o olho no muro alheio, jogando poeira pra trás, procurando moedas no bolso, derrubando os livros na cama, tropeçando e fingindo que nada aconteceu. :D Afinal, é tudo assim mesmo, cheio de INDOS. FingINDO, rINDO, vou INDO...

Por: Baby Blue
Data: sexta-feira, novembro 16, 2007
Às 10:15 PM
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Erm....

Choose Life. Choose a job. Choose a career. Choose a family. Choose a fucking big television, choose washing machines, cars, compact disc players and electrical tin openers. Choose good health, low cholesterol, and dental insurance. Choose fixed interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends. Choose leisurewear and matching luggage. Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics. Choose DIY and wondering who the fuck you are on Sunday night. Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth. Choose rotting away at the end of it all, pissing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourselves. Choose your future. Choose life... But why would I want to do a thing like that? I chose not to choose life. I chose somethin' else. And the reasons? There are no reasons. Who needs reasons when you've got heroin?

Escolha a vida. Escolha um trabalho. Escolha uma carreira. Escolha sua família. Escolha uma puta televisão grande, escolha máquinas de lavar, carros, sons e abridores de lata elétricos. Escolha boa saúde, colesterol baixo e plano dental. Escolha aluguéis estáveis. Escolha sua primeira casa. Escolha seus amigos. Escolha suas roupas de lazer e malas combinando. Escolha um terno de três peças do canto mais caro de todos. Escolha bater uma e se perguntar "quem porra sou eu?" numa noite de domingo. Escolha Sentar naquele sofá esperando seriados maçantes e alienantes. Escolha enquanto estiver sentado naquele sofá encher o cú de junk food. Escolha apodrecer no fim disso tudo, mijando sua última vez numa casa miserável, tão embaraçosa para os egoístas, perturbados filhos que você ejaculou para tomar o seu lugar. Escolha seu futuro. Escolha a vida... Mas por que eu iria querer fazer algo assim? Eu escolhi não escolher a vida. Eu escolhi outra coisa. E os motivos? Não há motivos. Quem precisa de motivos quando se tem heroína?

Te entendo topado, brother!

Por: Desatinada
Data: sábado, setembro 01, 2007
Às 1:13 AM
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Revivals-Navalha e o Motoqueiro Fantasma do Natal Passado

Eu me lembro... Era 97, eu tinha acabado de ligar a TV na MTV e lá eles estavam. Dançando, cantando, acho que era Quit Playing Games (With My Heart). Foi amor à primeira vista. Nick, o loirinho bonitinho inocente que lembrava (bem de longe, viu galera?) um menininho da minha sala por quem eu tinha uma leve queda (por favor, aqueles que estudaram comigo e lembram, não comentem, please...). Enfim, aos 11 anos começou minha obsesão pelos mocinhos (antes deles teve o tal do Leonardo DiCaprio... e antes deles as Chiquititas, e antes delas as Guerreiras Mágicas, e antes delas os Cavaleiros do Zodiaco, e a Xuxa, e tantas outras coisas....). Enfim, depois do Nick me apaixonei pelo AJ, o tatuado, bad boy, voz rouca e com problemas de abuso de substâncias. Minha mãe começou a prever os futuros genros dela.... E ai fui gastando rios do meu pouco dinheirinho de piveta em revistas, cd's caríssimos, bottons e tudo o mais.Cheguei a fazer uma carta enorme pra eles com 2km de beijos. É, eu era doente.

Ai, passou-se um tempo e eu comecei a gostar de Greenday, Offspring, e depois gostei de Korn, Limp Bizkit, Slipknot, Deftones... E nada dos posters saírem da minha parede, embora os cd's estivessemd evidamente guardados muito distantes dos meus cd's malvados. Eu simplesmente não conseguia conceber retirar aqueles posters da parede. Tanto dinheiro, tanto tempo, tanto sacrifício (porque eu preferia voltar andando do colégio pra poder economizar dinheiro pra comprar cds, sempre fiz isso. E quem não fez?) Então eu não conseguia tirar os posters ou vender os cd's.

Hoje, eu ouço uma música ou outra dos BSB e fico feliz lembrando da época em que eu dançava muito e brincava de ser Desatinada McLean. Um sentimento quente de não saudade, mas "reminisce".

Eu também me lembro bem, era Setembro de 2004 quando nossos lábios se encontraram pela primeira vez. E eu me lembro o quanto eu odiei. E me lembro muito bem que dois meses depois estava beijando pela segunda vez aquela boca que havia me trazido tanto asco, mas, desta vez, me trazia um sorriso. E eu me lembro que no dia 20 de novembro, 1 semana depois deste segundo beijo, estava selando um acordo de compromisso com esta pessoas que estava me fazendo tão bem. Foram pouco mais de 2 anos de vais e voltas, dor, amor, paixão, escândalos e tudo o que vem no pacote de um grande amor. Acabou, houveram outros em minha vida e esta continua.

Hoje eu passei o domingo meio triste e sem saber porquê, até que assisti um filme, Dolls, e começar a chorar em certas cenas. Percebi que estava chorando por causa de um certo motoqueiro fantasma do natal passado que vira e mexe vem me assombrar. Aquele do beijo de dois gumes. Já tem um tempo que terminamos, mas, sempre rola uns revivals-navalha. Agora parou, estou com outra pessoa e talz, mas, sempre rola uma ligação depois da meia noite, ou encontros inusitados em shows que me rasgam a alma. Antes eu pensava que era saudade, e que eu não estava bem, que ainda não estava "over him" mas hoje percebi que it's not about being over him, o negócio é que, assim como eu cresci e deixei de gostar de BSB, eu cresci e deixei de amá-lo, mas, olhar para ele é ver todo o tempo, esforço, dinheiro que eu gastei, e parte de mim simplesmente não consegue aceitar, assim como eu não quis tirar os posters da parede por um tempo. E então eu em senti melhor. Abri uma garrafa de champanhe que estava na minha geladeira há pelo menos uns 5 anos e tomei...Não, não fiquei bêbada, mas, comemorei, pois hoje finalmente tirei os posters da paredes do meu presente, e os guardei num lugar apropriado, especial, junto aos posters dos BSB, nas gavetas da minha memória.


ps: acho que falei demais o.o

Por: Desatinada
Data: segunda-feira, julho 30, 2007
Às 12:50 AM
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Vou levando assim.

De uns tempos pra cá tenho usado umas artimanhas para deixar minha vida com um gosto mais forte, como a cachaça barata dos finais de semana, companheiras de mágoas e alegrias. E daí vem a pergunta se esse é ou não o melhor caminho. Daí vem outra. Será mesmo que eu quero ou preciso saber qual é o melhor jeito de viver?

Sempre achei uma perca de tempo ter uma vida média. Afinal, se a gente tá aqui aguentando ter que ir pro trabalho/colégio todo dia, por que bolas temos que limitar nossos dias às tardes na frente da TV assistindo a mais um programa sem sal, motivos e objetivos? Do que adianta passar pela vida sem sentir ela de verdade? E partindo desses pensamentos resolvi jogar duro com a consciência e procurar sentir tudo de uma vez só.

E o que fazer então pra mudar essa minha vida sem muita dor e alegrias?! A primeira coisa que me veio à cabeça foi não deixar nada vir à minha cabeça. Tá, tudo bem, agora eu vou tentar explicar...

Desde sempre eu tenho uma mania de pensar demais sobre as coisas e no que elas vão dar e daí volto atrás ou simplesmente não saio do canto. Isso deixa tudo parado, sem vida, sem a vida que eu quero sentir passar. A única saída que eu tive foi me agarrar ao gasto e ao estrago. Me esconder neles, tentar me sentir melhor assim. E sempre que me vêm falar sobre os meus excessos, repito toda orgulhosa: 'eu gosto é do gasto, do estrago, tanto faz...'

A vontade que tenho é de não ficar medindo a altura do tombo. Cair, sentir o chão contra o meu rosto, a dor na cabeça acabando com qualquer linha de pensamento que eu mantinha, respirar poeira, levantar, voltar pra cima. Com a mesma intensidade da queda. Acumulando assim os sentimentos vividos, deixando as lembranças mais recheadas de realidade. Ter a visão de baixo e de cima, ver qual a melhor, decidir o melhor ângulo sem precisar parar pra pensar no que vai dar. Parar de arquitetar o meu caminho. Calcular menos. Viver mais.

Por: Baby Blue
Data: quinta-feira, julho 05, 2007
Às 10:42 PM
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Rita de Marco Lisboa - Sinopse

Rita Maria Oliveira de Sousa Lisboa é uma senhora virtuosa e respeitada, bem casada e rica, que mora em uma suntuosa mansão na capital de Portugal e está em fase terminal de tuberculose.
Mas será que sempre foi assim?

Por trás desta imaculada imagem, ela esconde um passado vergonhoso e fatal para sua reputação de dama da sociedade. Ao perceber que a tuberculose acabaria por consumi-la, decide atender ao pedido de seu amigo, Thiago, lhe contando a real história de sua vida.

Seu marido, Marco Lisboa, está a viajar quando Rita começa sua narrativa. Esta nos leva a Évora de meados do século XIX, com o nascimento da segunda filha de um conde português. Uma menina introspectiva, dada aos livros de filosofia, contos românticos do medievo e compositores de música erudita, que ao ver seu amado mundo utópico e imaginário subjugado pela visão da trágica e traumatizante lua de mel de sua cunhada, foge daquele castelo de contos de fadas em busca de um grande e verdadeiro amor.

Esta é Rita.

Ao abrir os olhos para o mundo real, Rita se descobre uma mulher forte e pungente, que passa por cima de tudo e de todos, sendo capaz até de vender o próprio corpo para conseguir aquilo com que sempre sonhou: o amor de Marco Lisboa. Um ex-namorado de sua irmã mais velha, Ana Lúcia.

Após muitos anos de encontros e desencontros, vinganças e humilhações, mentiras e artimanhas, pecados e libidinagem, Rita e Marco fazem sua última e verdadeira jura de amor, porém os dois terão que esquecer o passado e todo o sofrimento para que finalmente possam ficar juntos sem mais preocupações.


...Longe de ser a heroína romântica e frágil dos contos de fadas, Rita de Marco Lisboa é embebida no mais denso fluido de luxúria e sensualidade, ironia e sarcasmo, dignos da mais ardilosa das vilãs, porém tudo se valida e se justifica com um único argumento: amor incomensurável.








Essa é a Sinopse feita por Rafaela Andrade, uma amiga minha de São Paulo.
Valeu Rafaela, vc deixou meu ego do tamanho de "Olifante"
he he he

beijocas

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Por: Anônimo
Data: terça-feira, maio 22, 2007
Às 12:14 AM
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Quartas-feiras

"a parte que a desatinada nunca me entregou"
Aí está, dona moça de mil idéias a minha parte!
=D



O Sol se punha pela janela e Tássia se levantava da sua cama. Sentou-se e acendeu um cigarro. Tragando bem fundo olhou ao seu redor, viu a bagunça em seu quarto e pensou como Scarlet O'Hara de ...E O Vento Levou fez quando seu Rett Blutler a deixou naquela enorme casa: "I'll think about that tomorrow". Tragou mais uma vez seu cigarro e forçou a mente para se recordar dos acontecidos da noite anterior. Como sempre, ao fazer isso, um esboço de um sorriso era desenhado em seu rosto - parte achando graça do acontecido, parte rindo por não lembrar de cara o acontecido. Olhou para o relógio de seu celular e eram 19:30. Notou algumas chamadas não atendidas e uma mensagem. Terminou seu cigarro e esfregou os olhos indo em direção ao seu computador para olhar suas mensagens. Nada de interessante, pensou, e vestiu uma camisa para ir até a cozinha comer algo.

Enquanto comia foi olhar quem havia ligado pra ela durante a tarde. Algumas ligações de uns amigos falsos, outras de sua vó, outras do atual rolo e ex-namorado e uma de uma amiga em especial, Penélope. Hmmm, pensou, ela deve estar afim de sair.... E retornou a ligação:
-Alô, Penélope?
-Tava esperando sua ligação... iai, vamos sair?
-Sabia! De certo... você não adivinha quem ligou pra mim hoje de tarde e eu nem vi...
-hahahaha, Sabia que você tinha uma dessas pra me contar, parece que eu tava adivinhando. Que voz é essa?
-Acabei de acordar. Então, mesmo local daqui a duas horas?
-Tranquilo. Vou começar a me arrumar...
-Té já.
-Té.

E desligando o telefone ela foi tomar um banho e se vestir. Jogou uma bata vermelha e uma saia curta, uma maquiagem básica e um par de Manolo Blahnik's e saiu.
Como já previsto, chegara primeiro que a amiga, então tirou sua cópia de O Jogador, de Dostoievski, pediu uma cerveja e um Tequila Shot e começou a ler assim que lavou a garganta com o Shot e acendeu um cigarro. Parou pra pensar em como sua vida seria melhor se não sentisse tanto amor pela rua. Sabia que não era amor pela ebriedade - embora uma coisa levasse à outra - mas talvez esse fosse o amor mais destrutivo - mais até do que a pelo atual rolinho e ex namorado - de toda a sua curta existência. A paixão por Bukowski ela sabia que mais dia, menos dia, iria acabar, mas a paixão pela rua, pelos locais abertos, pelas mansardas, pela madrugada e pela vodka barata não morreria tão cedo. Aceitava esta parte de sua vida como uma fase que não queria transcender, nunca - mas dava um prazo de mais 3 anos de vida para ela e secretamente aguardava o dia em que tudo seria histórias longínquas de um passado jaz engavetado. Em Penélope, ela achava um pouco da calmaria que faltava em sua vida de bares de todas as classes e calçadas de cervejas e cachaças.

Duas cervejas e 10 páginas depois avistou sua amiga. Guardou o livro e pediu mais uma cerveja e um copo. A Amiga sentiu e sorriu de orelha a orelha:
-E então, quem te ligou? Onde você tava ontem? Te liguei tanto...
-Pois é, ontem eu tava tomando uma na praça perto da rua 18.
-Ish, tão longe? Deixa eu adivinhar, sentada num banquinho bebendo vodka barata?
-Isso! E tocando violão pra ver o movimento passar...
-Sei o seu movimento...
-hahhahaha, é... ele passou lá...
-Ficou?
-Nada, eu fui pra casa cedo...
-Hm, e quem te ligou?
-Ele, neh... ele e outro que eu nunca mais tinha enc-

Ela parou abruptamente e olhou para a entrada do bar. Ele entrava saído do nada em plena quarta-feira naquela cidade tão pequena onde NINGUÉM saía dia de semana e os bares fechavam antes de meia-noite. Ela o acompanhou com os olhos discretamente e bebeu um gole da sua cerveja. Acendeu um cigarro e olhou pra sua amiga:
-Penélope, lembra daquele cara que eu te contei uma vez, o que fez (e ainda faz) jornalismo na faculdade particular comigo? Que eu já conhecia e que nunca tinha ficado com ele por quem eu sempre tive um crush enorme (e platônico) ? Do dia do mirante, que me pediu um cigarro e ficou conversando comigo horas e horas e que depois eu reencontrei quando passei no vestiba?
-Simm, e lembro que você não ficou com ele justamente porque já namorava Bukowski e não quis sacanear com ele?
-O Próprio!!!!!
Sua amiga a olhou com cara de espanto e disse:
-Vai lá e dá um beijo nele! Você não está mais namorando o Bukowski, vai lá e mete um beijo nele, oras!!!

Tássia sorriu e bebeu um pouco mais da cerveja. Acendeu um cigarro e sorriu: ela não queria beijá-lo, não naquele momento. Ela ainda gostava muito de Bukowski e mesmo que beijasse o tal Rimbaud, não iria parar de pensar nele. Mas ao ver a expressão de sua amiga, aquela expressão que ela vez por outra colocava de eu-eu-adoraria-ter-a-coragem-de-fazer-e-sei-que-você-tem-então-faz-por-favorzinho, ela levantou efoi até a mesa onde ele estava. Não esperou nem o boa noite e meteu um beijão nele. Era do jeito que ela esperava: sensual, forte, macio e telepático. Ao terminar, nem esperou ouvir nada dele. Sorriu, e voltou à sua mesa sem olhar pra trás para encontrar o sorriso de criança que acaba de desembrulhar o presente de natal de Penélope.

-E aiiiiiiiiiiiii?
-E ai que foi ótimo...
-Ele falou alguma coisa? Ele tá olhando pra cá e fazendo sinal para chamar você!!!
-Deixa ele fazer...
-Và falar com ele!!!
-Vou nada...
E continuou conversando com a amiga sobre as coisas da noite anterior.

O Rimbaud veio até a mesa e ela cortou o assunto com ele bem rápido dizendo que havia saído com sua amiga e que só queria um beijo mesmo dele. Que se ele quisesse sair com ela, que a achasse.
Ele sorriu e disse que iria procurá-la o mais rápido possível e pediu desculpas por atrapalhar sua saída com sua amiga. Assim que ele saiu as duas riram horrores e acenderam um cigarro.

-Iai, vamo nessa? Tô afim de deitar um pouco e ler.
-Tá lendo o quê?
-O Jogador, de Dostoiesvki.
-E, deixa eu adivinhar.... Foi o Bukoswki que ele te deu? hahahahaha
-Sim sim, foi. Tem até o nome dele...
-O Rimbaud te deu um livro também, né? O As Portas Da Percepção, do Huxley?
-Foi... quem tá com ele é o Bukowski....
-É.... então vá lá... prefere ficar esperando que ele te ligue do que ficar num flerte harmless com o Rimbaud e bebendo cerveja comigo, né?
-hahahahahah, ele ligou de tarde... agora nem sei mais...
-Você hein, Tássia...
-Você hein, Penélope...

E entao, a noite finalmente acaba e Tássia volta pra casa para ler e de dois em dois cigarros olhar o celular com a ansiedade: Será que o Bukowski liga ou não liga?

Por: Desatinada
Data: sexta-feira, maio 11, 2007
Às 12:31 AM
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A hierarquia das necessidades (Maslow)

Hoje, na ufal, na aula de criminologia, nós vimos uma espécie de escala hierárquica das necessidades humanas formulada por um psiquiatra chamado Maslow. Disse o professor que quando um ítem do degrau mais baixo é deficiente, todo o resto da pirãmide se desestrutura.

Não consegui não me analisar de acordo com essa fórmula. Na minha vida, pouquíssimas vezes consegui atingir os dois estágios últimos da escala: A estima ( prórpia e alheia ) e a auto-realização. De acordo com essa minha análise pessoal, duas coisas estão me faltando na base dessa pirâmide: Paixão (sexo) e ordem (organização).

A problemática do segundo aspecto me é muito mais clara. Desde que eu comecei a morar sozinha, eu vivo sem ordem ou organização. Incapaz de seguir minhas prórpias leis e indomada de mais para seguir regras alheias, minha vida agora corre como um trem desgovernado.

Com relação ao primeiro, é muito mais complicada a análise, pois para mim ele não é uma coisa bastante em si. Sempre vem acompanhado de outros fatores.

Vejamos: sexo pressupõe outra pessoa, certo? No entanto, para atrair outra pessoa, você tem que estar bem consigo, ter auto-estima. Mas como se justamente por causa da falta de sexo, segundo o esquema de Maslow, você não tem auto-estima?

É um ciclo vicioso... até quão baixo é aceitável ir por causa de uma pessoa? Quais são as armas aceitáveis para que você não ultrapasse a linha entre humildade e humilhação? E quanto mais você se anula do seu amor próprio, mas a pessoa objeto do seu desejo se afasta de você?

Assim que o professor começou a dar a aula, eu achei a pirâmide genial, no entanto, agora eu vejo que não se pode formular regras gerais para o comportamento humano: eu não tenho paixão porque não tenho auto-estima e não tenho auto-estima porque não tenho paixão.


- em anexo, a dita pirâmide:

auto - realização
estima (de si e dos outros)
Filiação e amor (amigos, família)
Segurança, proteção, ordem e estbilidade
Alimentação, água e sexo

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Por: Anônimo
Data: segunda-feira, maio 07, 2007
Às 11:12 AM
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Friedrich Nití Nitch Niets Nitzch Nizsch Nietzsche(ou Nietzs-chê para os gaúchos) ficou conhecido especialmente pelo seu gigantesco bigodão. Na autopsia do que sobrou de seu corpo após um encontro com Chuck Norris legistas descobriram escondido em seu bigode o cadáver do E.T de Varginha. Este foi o primeiro de vários incidentes profundamente desagradáveis que marcaram a vida do maior filósofo da Europa Oriental (ou pelo menos o único do qual já ouvimos falar.)

JUVENTUDE:

Friedrich Nietzsche nasceu em 1805, em Rocken, antigo território prussiano e hoje Suíça. Recebeu esse nome depois da terrível crise tendinietzsche que sua mãe sofrera. Teve uma infância perturbada, devido à sua dificuldade em escrever o próprio nome (ele sempre esquecia o 's'), e também pela sua fobia de pontos de exclamação encontrados em artigos de enciclopédia virtual não editados. Vendo-se moralmente desafiado, e percebendo que havia desperdiçado toda uma vida em incertezas e confusões, Friedrich achou que seria uma boa idéia estudar filosofia(assim desperdiçaria sua vida de forma mais eficiente). Durante os anos de estudo, ele fazia bico como repórter investigativo. Alguns teólogos sustentam a idéia de que a sua sensacional cobertura sobre o caso do assassinato de Jesus Cristo o levou mais tarde a afirmar que o Senhor estava morto.

OBRA:

Nietzsche era um adepto da máxima "faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Glorificava a guerra em seus textos, mas a verdade é que Nietzsche nunca conheceu os horrores de um conflito. Serviu como enfermeiro(?) na guerra franco-prussiana e no conforto de sua enfermaria achou uma boa idéia escrever sobre a glória da guerra enquanto outros otários se estrupiavam no campo de batalha.

Nietzsche em sua versão garotinha, razão pela qual foi dispensado da infantaria.
Nietzsche foi transferido para a enfermaria por não ser considerado "macho" o suficiente para fazer parte da infantaria. Quem em sã consciência colocaria no fronte um sujeito obcecado pela sua mãe?
Na sua obra vemos críticas bastante negativas a Kant, Wagner, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Martinho Lutero e ao socialismo, anarquismo, fatalismo, teologia, cristianismo, budismo, a concepção de Deus, ao pessimismo, estoicismo, ao iluminismo e à democracia. Nietzsche é um seguidor do estilo "vou falar mal de todo mundo porque sou mais foda que o resto" criado pelo mala Diogo Mainardi.
Durante toda sua vida tentou explicar sua incompetência afirmando que sua obra "nasceu póstuma". Pesquisas recentes revelam que Nietzsche nasceu com o cérebro morto, ou seja, póstumo. Após sua morte Nietzsche ficou famoso graças a Adolph Hitler, o seu mais famoso paga-pau.

IDÉIAS:

Idéias? Que idéias? Nietzsche escrevia sob efeitos de drogas ou no meio de crises de loucura. Reclamava feito um bebê chorão da moral judaico-cristã, do FMI, da Daniela Cicarelli, do Big Brother Brasil, das bandas emo e do salário mínimo. Mas era imcompetente demais(ou burro demais)para propor uma solução, seja para uma nova moral humana ou para o fim das bandas emo.
Seu estilo é aforismático. Aforismas são frases idiotas feitas para que outros idiotas a interpretem do jeito que bem entendem. Exemplo clássico é o caso de Adolph Hitler. O ditador ordenou que todos os surdos de seu país fossem executados, ao ser questionado o porque das execuções, Hitler, um amante da música, citou Nietzsche: "Sem música a vida seria um erro".

ÜBERMENSCH:

Nietzsche defendia o conceito do Übermensch(um "ser-acima-do-humano" na tradução literal do alemão). O Übermensch existe e atende pelo nome de Chuck Norris. Nietzsche queria ser Chuck Norris. Chuck Norris tomou conhecimento. Nietzsche morreu. ]

NIILISMO:

O niilismo é uma corrente de pensamento filosófico que prega a destruição da moral. Para o niilista a moral não tem importância(até alguém engravidar sua filha) e os valores não têm qualquer significado(o dinheiro é a única exceção). A principal atividade do niilista é passar de doze a quinze horas por dia criticando o capitalismo, o socialismo, o cristianismo ou qualquer outro tipo de "ismo". Tais seres chatos e desocupados se inserem um mundo de fantasia e realmente acreditam que um dia serão o Übermensch, vulgo Chuck Norris. Toda essa desocupação e tempo de sobra para "ser niilista" é devidamente sustentada por seus pais.

ETERNO RETORNO:

A idéia do eterno retorno surgiu depois que Nietzsche teve crises seguidas de déjà-vu que o fizeram ver a vida passando como um CD riscado que volta a tocar sempre a mesma faixa.
Na verdade isso foi provocado por espíritos malignos que ele incorporou quando os provocou ao criticá-los. Deste ponto anos mais tarde outras pessoas espirutóides achariam a idéia muito interessante e criariam a idéia de reencarnação no espiritismo.

MORTE:

Nietzsche não morreu de causas naturais como muitos pensam. Nietzsche morreu porque cometeu um erro mortal, escreveu a frase "Deus está morto". Ao terminar de escrever Chuck Norris apareceu e disse: "Que estória é essa de que eu estou morto?". Nietzsche nunca mais foi visto.

FRASES FAMOSAS:

“Na União Soviética, o abismo olha para VOCÊ!!”
~ Nietzche

“Bola pro mato que o jogo é de campeonato!”
~ Nietzsche

“Deus está morto.”
~ Nietzsche sobre Deus

“Nietzche está morto.”
~ Deus sobre Nietszche

“Eu já falei que Deus morreu por acaso não leu Assim falava Zarastutra.”
~ Nietszche para Deus

“li e não gostei recomendo a Bíblia.”
~ Deus para Nietszche

“Agora você sabe, e saber é meio caminho para ser Übermensch, infelizmente você não é Chuck Norris.”
~ Chuck Norris sobre Nietzsche

“A felicidade do homem se chama "eu quero".A felicidade da mulher se chama "ele quer".”
~ Nietszche antes de conhecer as feministas

“Aqueles que combatem a besta precisam tomar cuidado para não se tornarem uma besta.”
~ Nietzsche sobre crentes

“Saúde!”
~ Carla Perez sobre Nietzsche

“Çeol pudéceu mattarra mil!”
~ Jeremias sobre os Übermensch

CURIOSIDADES:

Nietzsche é o pensador mais citado durante os espirros.
Nietzsche é o filósofo com maior número de consoantes consecutivas no nome, desbancando até mesmo pensadores russos e holandeses.



Retirado de "http://desciclo.pedia.ws/wiki/Friedrich_Nietzsche"

Por: Anônimo
Data: segunda-feira, abril 16, 2007
Às 9:41 PM
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Aqui, saudades...

Podia ir embora sem deixar razões. Partir despercebido como uma mosca pousa no copo de suco e sai antes que nossos olhos a peguem no flagra. Poderia... No entanto, alguns pensamentos tão íntimos e sem muita dificuldade, tolos, não me deixam bater a porta e dizer 'Tchau'. E aqui estou, com minhas mãos apressadas fazendo garranchos para alguém um dia ler e deixar o papel cair pelo susto, pelas palavras incovenientes.

Nessa vida, se tem alguma coisa que eu realmente odeio é: não saber. Os fanáticos religiosos preenchem esse vazio com fé, os materialistas com roupas, casas, carros. Os sentimentais com coisas abstratas... Pois é, não consegui.

Não me agarrei a ninguém pendurado numa cruz, nem me entupi de remédios para dormir. Faltou-me coragem para jurar 'amor eterno' e não me ocupei achando a salvação para a humanidade. Não deu.

Essa ausência do completo, o 'despreenchido', me fez continuar no 'des-sentimento', se é que exista esse termo. E permanecer assim, em plena inércia, não me bastou como todo o resto.

O que não justifica o meu desinteresse pela busca de algo que me suprisse. Não foi assim. Eu até saí por aí procurando... E toda esquina ilustrada de placas me dizendo o que fazer, todo tropeço, vinha como um tapa na cara, como uma mãe faz sem maldade para acordar o filho atrasado para a escola.

Confesso ter medo que me julguem presunçosa e que eu esteja desmerecendo as paixões alheias. Mas não me levem a mal, só me levem daqui! Tudo bem, não preciso de alguém me mostrando o caminho, vou seguindo sem motivos, de peito vazio. Pode ser que eu tenha algo, tenho sim... saudades.

 
 

"Nada vem de graça, nem o pão, nem a cachaça"

Zeca Baleiro ao cantar isso, jamais pensou o quão certo havia sido o que tinha dito, com certeza. Ao escutar também essa música pela primeiríssima vez eu não vi nada de tão extraordinário, porque parecia óbvio. Mas é mais do que isso. É extremamente filosófico. Extremamente expansivo e talvez a maioria das pessoas concordem comigo. Tudo tem um preço, e arrisco a dizer que até pra sonhar se paga caro. Claro, há uma repressão contínua, há os esforços para realização, há a inimizade da baixa estima, a força de vontade firme, o cansaço, as decepções. Que fique bem claro que o que proponho não se insere numa perpectiva apenas material, me refiro principalmente a uma atmosfera abstrata, como por exemplo os sentimentos. Se fosse apenas numa realidade material o texto sairia como bestial, já que é mais do que claro que numa sociedade diretamente originada da estrutura capitalista e sem jamais conhecer a cultura pobre em tecnologia, mas rica em valores verdadeiros, não existiria qualquer bem que para usurfruí-lo não tivesse que pagar monetariamente. Assim sendo, refiro-me mais curiosamente ao assunto relacionado a alma. O Amor, por exemplo. O Amor e toda essa idealização boa e salvadora da humanidade que o rodeia, nada mais é do que um produto pra ser comprado/trocado/consumido. Chamaria mais profundamente de subproduto, já que anda camuflado e, portanto, fingindo estar como cumpridor de uma missão tão enorme (melhorar o mundo), quanto a sua cara de pau. Apenas quem enxerga por trás das convicções, caro leitor, conseguirá armazenar, arrumar, entender e projetar o que está sendo dito. Como dizia Nietzsche: "As verdadeiras inimigas da verdade são as convicções" e não as mentiras. Essas estão escancaradas por aí; é só abrir os olhos. Mas as convicções... É preciso muito mais! INVESTIGAÇÃO e QUESTIONAMENTO. Não aceitar os conceitos prontos. Não aceitar que o amor seja encarado como um sentimento gentil, como o super herói valente e salvador dos pobres. É justamente através dele que acontece as injustiças. Os pobres só são pobres por causa desse amor, dessa caridade suja e ofuscada, dessa esmolinha concebida por cada um. De novo Nietzsche, todo amor é amor próprio, todo serviço é auto-serviço. O ser humano é egoísta por si mesmo e jamais sentirá o conceito de amor atual nas suas entranhas. É tudo muito bonito, tudo muito fácil. Infelizmente cobramos o "amor" que cada um sente por nós e somos cobrados o tempo todo, imperceptivelmente, por esse super herói grotesco. A partir daí percebe-se que tudo o que chamávamos de bom torna-se duvidoso, torna-se a natureza nojenta do homem. E aí nos perguntamos se é nessa hora que o mal vira bem e virse-versa.

 
 

Damn, I wanna get out of this town.

Alguém sabe como eu posso ir pra uma cidade onde não hajam tantas repercussões? Onde relacionamentos passados não te cruzem pelas ruas constantemente e onde você possa frequentar bares livres de conhecidos chatos que te param pra falar da vida chata deles? Onde se possa sair sozinho e sentar numa praça sem se sentir um completo palhaço ou ser assaltado e, quem sabe, um jardim botânico para forrar uma toalha e ler um livro no fim de semana sem ser importunado por pedintes, pivetes fazendo malabarismos ou qualquer coisa assim?
Um lugar onde museus estejam conservados e sejam frequentados pelas pessoas e que conversas sobre arte, cinema e livros não sejam consideradas "cult" ou "pra se mostrar" e que você não seja rotulado de metido a besta porque você lê Proust ou Flaubert ou Dostoievski ou Hemingway, ou por ouvir Chico Buarque, Lobão, Billie Holiday, Metallica, Guns N' Roses, Chet Baker, Matuskela, Krysium, Aerosmith, The Gathering e Tom Jobim você não seja rotulado como "sem opinião musical" ou "eclético" num sentido pejorativo para quem não sabe do que gosta. Onde não seja normal ouvir musicas de "pegue na minha e balance" e, quem sabe até, tenha alguns bares de Jazz abertos a semana inteira para que você possa sentar no balcão curtindo uma boa música e reclamando da vida com o barman ou com um estranho que chegou agora e que você nunca mais vai ver.
É... Preciso ir pra New York ou pra Londres de novo. Dessa vez pra sempre.
Ou quem sabe não. Afinal, comigo, nada é pra sempre. Sempre acenando adeuses, nunca ficando o suficiente para vê-los. Joseph Heller diz: Não há nada errado com fugir para salvar a sua vida. Mas, o que acontece com pessoas que fogem sem nem saber do que se trata a vida ou que não sabem ainda o que fazer com suas próprias?

Por: Desatinada
Data: segunda-feira, abril 09, 2007
Às 9:37 AM
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Acabei de lembrar de um texto colocado aqui no bilhetinho; o título era "Fantasmas do Natal Passado". Poisé meninas...eu que pensei que nunca mais seria aterrorizada por um desses fantasmas....pensei errado!
Fui possuída por o do ultimo natal esse fim de semana...e o fdp deixou uma grande confusão em minha cabeça. Precisamos rediscutir esse tema...por que tou começando a achar que inconscientemente a gente procura esse tipo de situação, essa neurose persecutória (se é que aposso chamar assim).
Como toda neurose tem um gozo...talvez agora, nessa minha nova fase melancólica e conturbada, eu volte aproduzir bons textos.

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Por: Renata Ribeiro
Data: terça-feira, abril 03, 2007
Às 9:34 AM
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Um homem, que tinha nas mãos um recém-nascido, dirigiu-se a um santo, perguntando: "que devo fazer com esta criança? Ela é miserável, indesejada, e não tem vida bastante para morrer". "Mate-a", exclamou o santo com voz terrível, "mate-a e mantenha-a em seguida durante três dias e três noites nos teus braços, para guardares para sempre a memória dela: assim não te voltará a acontecer de engendrar um filho enquanto não tiver chegado a hora". Tendo ouvido estas palavras o homem partiu desapontado; e muitos lançaram-se contra o santo por ter aconselhado uma crueldade, pois aconselhou que matasse a criança. "Mas não será mais cruel deixá-la viver?", exclamou o santo.


Um beijo, querido Nietzsche...

Por: Desatinada
Data: terça-feira, março 27, 2007
Às 2:28 AM
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Eu tenho tanto pra lhes falar...

Mas com palavras só sei dizer: ALGUÉM TEM LEXOTAN POR AI?

Gente, minha insomnia está comendo meu juízo!

Não consigo ler nem fzr nd... cabeça doendo muito. ME AJUDEM!

=~~~~~


vou mudar meu nick de desatinada pra desesperada.
=/

Por: Desatinada
Data: sexta-feira, março 23, 2007
Às 4:17 AM
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Kd vcs, meninas???

NOssa, meu último post está criando teias de aranha... vamos brincar de escrever!!!!

Por: Anônimo
Data: quarta-feira, março 14, 2007
Às 9:03 AM
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Single secret behavior

Bem, eu estava agora praticando o meu e comecei a pensar... Isso é coisa de doido, de quem não tem nada melhor pra fazer, ou é apenas uma coisa normal e saudável que todas nós deveríamos ter?

Antes de começar a dissertar sobre o que eu acho disso eu irei descrever o meu.

existem dois:
Assistir Sex and the City (mais de 7 ou oito capítulos), fumando e tomando café ou ingerindo álcool até duas ou três da manhã, enquanto reflito sobre minha vida.

o outro é escrever meu livro até a hora de der sono, também fumando um cigarro... (sim eu sou viciada!)

Daí eu penso... eu só adquiri esse "SSB" depois que comecei a morar sozinha, mas eu sei que as pessoas que ainda vivem com seus pais têm um. Por quê? Vejamos por esse prisma: se temos comportamentos que só podem funcionar quando estamos sozinhas deve ser porque "now and then" nos bastamos. E se nos bastamos, para quê colocar em mãos alheias o sentido de nossas vidas?

Por que precisamos que alguém nos diga o que queremos ouvir, se já sabemos? Quando nos arrumamos para sair e nos olhamos no espelho, nós nos achamos incríveis! Por que então esperar que alguém confirme?

O fato é que eu estou sozinha... E acreditem, eu nunca me senti tão fabulosa!

Single secret behavior - comportamento secreto de solteiros... É muuuito bom! Quando sua casa está caindo sobre a sua cabeça de tão bagunçada e você não está nem ai! Você simplesmente se senta no sofá, possuidora soberba de seu controle remoto e assiste qualquer porcaria que você quiser, fazendo o que você quiser!

Nossa, eu estou nessa roda viva de relacionamentos conturbados há mais de dois anos, pulando de um relacionamento para outro... cara! Eu senti falta de estar sozinha... não sozinha e pegadora, não sozinha e caçando, não sozinha e procurando alguém ou sonhando com alguém... sozinha! Com você mesma. Quer companhia melhor? Quem melhor que você para saber do que você gosta? Para saber extamente o que você quer ouvir? Saber extamente que presente você quer ganhar, que música quer escutar, que elogio receber...?

Cigarros, sex and the city, meu livro, álcool... quem precisa de mais?

Algumas mulheres se escondem atrás de um desejo sexual incontrolável. Desculpem, mas eu não acredito nisso, para mim é uma desculpa para sempre estar frustrada por não ter alguém. Outras em passeios perfeitos. Mas quem precisa de um cara se você tem seu próprio carro para te levar onde você quiser ir e amigos para encontrar lá? E se a biologia gritar, temos sempre nossos próprios dedos para nos ajudar ou, dependendo de quão liberal você seja, uma ficada num bar pode lhe render uma boa noite de diversão.

Eu não sei. Talvez amanhã eu volte com os posts "Por que é tão difícil o fim?". Mas hoje? Eu estou ótima!


Single secret behaivor... qual é o seu?

Por: Anônimo
Data: terça-feira, março 06, 2007
Às 11:45 PM
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Banheiro, igreja de todos os bêbados.

Os domingos são dias que poderiam ser deletados do calendário e que não seria tempo jogado no lixo. Afinal de contas é duro acordar com a cabeça pesada, resultado do sábado turbulento, que eu sei que foi assim, mesmo não lembrando de muita coisa, mas que as dores no corpo e o gostinho de vodka e cigarros condenam. Ficar olhando o teto do meu quarto, cheio de estrelinham que brilham no escuro, é só para esperar a coragem chegar.

Quando ela não chega, quem vem é minha mãe. Grita pelo meu nome, diz que a praia estava linda, que minha cor esverdeada não é atraente, pergunta que horas eu cheguei ontem e diz que já são 14 horas. Com tamanho barulho materno, eu levanto da cama e vou olhar o meu estado no espelho do banheiro. Péssimo. Maquiagem borrada, ou o que sobrou dela, deixando o meu rosto parecido com o da Christiane F., aquela mesmo, 13 anos, drogada e prostituída - que boa comparação, hein?!

Lavar o rosto, secar, tentar limpar o sujo que há em mim. Não me sentir melhor. Aceitar estar podre por dentro. Sentar, tomar um café bem quente tentando lembrar o que eu fiz na noite passada para estar tão maltrapilho, maltratada... Não conseguir resgatar nenhuma cena nova da minha memória além da que vem me atormentando desde que abri os olhos nesta manhã. A cena da minha queda de cara no chão. Na qual respirei poeira, engoli areia, mas levantei, voltei para cima. E mesmo que eu já me sentisse no fundo do poço, faltava a representação disso, e aquele momento corpo a corpo com a lama cumpriu bem o seu papel.

Em mim, só a vontade de colocar tudopara fora. Fui correndo pro banheiro, meti o dedo na goela e por fim, não sentia mais aquele peso. E tem sido assim esses últimos dias. Me desespero, coloco tudo pra dentro - forma de tentar preencher o vazio, depois me sinto mal, expulso tudo. É mesmo um vai-e-vem de coisas, pessoas, sentimentos... Espero sinceramente que algo permaneça mais que alguns instantes aqui dentro, e não menos sinceramente que seja Ele - com direito a 'E' maiúsculo e suspirinhos antes de dormir.

Eu ando tão down...

-

Fico por aqui, tô sem tempo de postar. :\
E mil desculpas para todas por não ter comentado em alguns bilhetes, ok?
:** fiquem bem.

 
 

Roda, mundo... roda!

Aquela história de que o mundo dá voltas tá começando a fazer sentido pra mim.
É tudo um grande círculo, um grande redemoinho sem fim, que nos leva do nada ao nada. Quando você olha ao seu redor, a vida de 3, 4 anos atrás anos tá se repetindo! São os mesmos erros, os mesmos diálogos, os mesmos domingos intermináveis. É como se aguem tivesse fazendo uma reprodução do mesmo quadro, ou como uma nova edição de um mesmo livro... Você vai folheando e percebendo que foi trocado um "más" por um "porém", e só.
E aí é a hora da gente se perguntar como é que ainda cometemos os mesmos erros? Se a gente já sabe o final do filme, como é que podemos ficar ansiosos quando o vilão tenta matar o mocinho?
Não entendo, não entendo. E nem sei vale a pena entender, pra ser honesta.
Tô chegando à conclusão de que a gente precisa meter a cara na parede uma série de vezes pra aprender que não somos capazes de ultrapassá-las. Algumas barreiras não se ultrapassam... Não é recomedável, nem saudável, nos leva ao fracasso e ainda arranca um bicho chamado lágrima dos nossos olhos.

 
 

Quartas feiras

Meu primeiro projeto com a Desatinada e que nunca foi pra frente. Quem sabe um dia???

Essa foi a única coisa escrita por mim ...




– Então a gente se encontra lá. Até mais.

O sol acordou tranqüilo naquele dia. Penélope há muito estava vivendo uma vida segura e livre de grandes surpresas. Acordou, não fez sua assepsia, não tomou o café da manhã, pois nem era mais manhã quando ela acordou. Foi para o computador e lá ficou até a noite, levantando apenas para comer alguma coisa quando seu estômago reclamava. Afinal de contas quem se importa com a vadiagem de uma pessoa que acaba de obter uma grande vitória?
Apesar do marasmo que uma vida tranqüila pode trazer, conseguí-la é um feito admirável nesses dias conturbados em que vivemos. Uma casa confortável, um namoro feliz e livre de grandes turbulências, uma família amorosa, uma vida acadêmica de sucesso, uma certa liberdade para sair e se divertir... Mas então por que Penélope olha para o espelho e enxerga um vazio, como se aquela vida mansa tivesse lhe furtado o gosto apimentado e excitante da aventura, como se houvesse lhe roubado o benefício da dúvida?
Talvez fosse por isso que ela não passava uma semana sequer sem encontrar sua amiga Tássia. Esta que lhe servia como uma janela por onde Penélope poderia olhar a vida que, apesar de ocasionalmente desejada, não tinha coragem de arriscar. Através das experiências de Tássia, ela era capaz de fantasiar as suas próprias.
Já era tarde quando sua amiga a convocou para mais um encontro no lugar de sempre. Cervejas, risos, cigarros escondidos, palavrões: fantasias de uma vida independente que ainda demoraria a se materializar. Contudo, apesar de mais nova, Tássia já provava do real sabor dessa liberdade, já gozava de não ter mais que se esconder ou mentir para desfrutar de momentos como os que vivia com Penélope. É possível que fosse justamente isso o que tornava esses encontros ainda mais saborosos para aquela ave engaiolada em seu cativeiro dourado, tranqüilo e seguro. O fato de pegar um ônibus, andar até o locar marcado fumado um cigarro e olhando aflita para os lados por medo que alguém a flagre, fazia daquilo uma espécie de condicional de sua tão invejada prisão.
Assim que desligou o telefone, correu para o banheiro, foi como um raio escolher sua roupa. Enquanto mais rápido fugir dali, melhor. No entanto, apesar de toda a pressa, sua mãe lhe pega ao telefone e numa repreensão demorada e repetitiva, lhe rouba mais alguns preciosos minutos. Apesar disso, finalmente Penélope abre a porta de sua casa e sai. O motorista do ônibus dirige como um louco e o vento levanta sua saia de forma constrangedora, porém isso só faz com que o chegar se torne ainda mais saboroso e esperado.
Ela chega. Tássia já a espera. Cigarro nos lábios, garrafa de cerveja pela metade e um baú de fatos recentes para serem discutidos e analisados por ambas.

(PARTE QUE A DESATINADA NUNCA ME MANDOU)

Então, finalmente, ainda à noite a noite acaba, e como um bom passarinho que nasceu em cativeiro, Penélope só anseia voltar pra casa, abrir a portinhola de sua gaiola dourada e deitar em seu confortável, quente e seguro poleiro, enquanto sonha e faz planos com seu amado namorado, exausta de toda aquela liberdade que tanto desejou que chegasse por algumas horas e como quis que terminasse pelo resto da noite.Em casa finalmente... Achei que nunca acabaria

Por: Anônimo
Data: quinta-feira, março 01, 2007
Às 10:53 PM
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Marasmo (pt 3 de 3)

Eu falei que o meu nome era Rachel e ele me interrompeu dizendo que ele sabia muito bem quem eu era. Eu me calei. Ele me chamou de egoísta e cega e levantou da cadeira sentando ao meu lado. Fiquei com medo. Ele fez menção de levantar sua máscara mas parou ao chegar no queixo. Ele perguntou se aquele queixo me era familiar. Eu disse que não. Ele então cobriu o queixo e me disse que ia dormir, e que ele não ia nem me avisar pra não tentar nenhuma gracinha porque sabia que eu era inteligente. Eu, diante disto, fui deitar pensando em todos os queixos que eu conhecia.

Dias se passaram e num dos dias em que fui dormir depois de perguntas mais uma vez não respondidas, me acordei deitada na minha cama. Pronto. Só isso.

- Moça, você está me dizendo que você passou 3 semanas sumida dentro de uma espécie de sítio simplesmente sentada comendo, tomando café e conversando com um homem de máscara que não lhe agrediu, não lhe extorquiu nem nada?
-Sim.
-E que você não sabe quem foi este maluco que resolveu lhe dar estas férias de graça?
-Isso.
-E que, pelo que a senhora está contando, a senhora teve oportunidade de fugir e não fugiu?
-Exatamente, senhor policial.
-Posso perguntar por quê?
-Sou inteligente.
-Ele lhe disse pra quê você estava lá ou quem era ele?
-Não senhor.
-Minha senhora, eu não posso começar uma busca por um homem mascarado que a senhora acredita que seja o mesmo ligado a estes assaltos à banco acontecendo pelo estado. Não há evidências o suficientes para ligar um acontecimento a outro.
-Mas eu tenho certeza que estão ligados.
-Minha senhora, infelizmente não entendo a lógica desta sua ligação. Se a senhora quiser, podemos deixar um policial de plantão na sua porta para proteger a senhora de um novo ataque, mas, só. Tenha uma boa noite.
-Tudo bem. Boa noite.

Rachel saiu da delegacia e entrou num golf preto. Assim que fechou a porta o motorista arrancou com o carro.
-Eu já disse pra você parar com isso!
-Desculpa... costume.
-Sei, disse ela tirando sua peruca ruiva e soltando seus cabelos loiros.
-E ai, como foi lá?
-Tudo certo. Eles nem imaginam que foi forjado e nem que tenha ligação alguma.
-Como você sabe?
-Bem, meu Bem, como você sempre diz, eu sou inteligente.
-É... que bom que conversamos muito enquanto você estava lá no sítio e eu resolvi sair do plano de te sequestrar pra seguir este seu plano dos bancos. Como você disse, bem mais dinheiro.
-Pois é, meu caro... Bem mais dinheiro para nós, e bem mais sede por vida da minha parte.
Ela abriu uma garrafa de cerveja para ele e para ela e acendeu um cigarro.
-Um brinde, meu caro Johnny. Um brinde ao dinheiro e ao anonimato.

Ela degustou seu troféu de vitória até sua última gota e então olhou para o celular para ver a hora. 1:30 da tarde. Sorriu. E pensou que talvez fosse hora de ir morar numa casa em Bora-bora, longe do caos das cidades - grandes ou pequenas.

 
 

Marasmo (pt 2 de 3)

Quando acordei estava só. Na mesinha havia um prato de sucrilhos de chocolate e ao lado um copo de suco de laranja e um copo de leite. Eu achei que haveria veneno na comida, sabe? Uma daquelas coisas de cinema que a gente vê nestes filmes mais "b" onde a moça é oferecida uma escolha: comer e morrer ou morrer devagar e dolorosamente. Fui comer. Esperei horas. Nada aconteceu. Não senti gosto diferente na comida. É, eu fui enganada. Eu não havia sido presenteada com a escolha da morte rápida e indolor.

Nem passava pela minha cabeça o porquê de eu estar naquele canto. Era lógico que ninguém saberia qonde eu estava. Nem eu sabia onde eu estava - Pequenópolis de repente não pareceu tão pequena. Tinha muito verde para ser a parte da cidade a qual eu estava acostumada. Vi por uma janelinha na sala que estava toda cheia de arame farpado. Sentei. Fiquei esperando o cara que tinha me levado. Não havia nada para fazer naquela pequena casa de 6 cômodos (sendo eles 2 quartos, 1 sala, 2 banheiros, 1 cozinha.) então comecei a procurar algum papel para escrever. Sentei no sofá e escrevi, desenhei, até que ouvi a porta se mexendo. Ele entrou de novo. Me deu boa tarde e me disse que eram 4:30 da tarde e que, caso eu ainda não tivesse visto, o guarda-roupa de um dos quartos continha algumas roupas minhas para quando eu fosse tomar banho. Pensei que aquilo fosse muito cinematográfico para ser verdade, mas, balancei a cabeça e continuei sentada sem falar nada.

Ele sentou na minha frente, ligou um radio antigo e ficou me olhando, sempre mascarado. Ele não me inspirava medo nem receio; era como se eu soubesse que ele não ia me tocar. As horas passaram e levantei. Perguntei pra ele se tinha café e ele disse que sim e que eu fizesse pra ele também. No rádio, ouvia James Brown e não tirava o olho de mim.

Comecei a ouvir no rádio umas notícias sobre uma onda de assaltos à banco pela cidade e pelo estado. Um homem e uma mulher. Lembro que pensei que eram mais um par de loucos que haviam visto filmes demais, talvez como eu, tão romântica esperando um resgate. A Cidade estava toda em alerta por estes assaltos, jamais alguém iria notar que uma moça insignificante como eu havia sumido. Como nunca tive gatos ou cachorros ou plantas em casa, nda morreria por lá sem mim. E quanto ao meu emprego, bem, eles achariam outra professora medíocre para me substituir só pra depois me processarem por ter abandonado o colégio sem dar aviso prévio. Mais uma vez aceitei o fato de que ninguém viria me salvar.

Fiz o café e levei uma xícara pra ele. Perguntei pra ele onde estavamos e por que eu estava lá. Ele disse que eu saberia em breve. Eu não perguntei mais nada. De noite, eu comi um pouco e ele disse que eu podia dormir no quarto onde estávam minhas roupas. Perguntei pra ele onde ele havia posto meus cigarros. Ele riu e disse que estavam no guarda-roupa. Fui tomar um banho e quando fui trocar de roupa percebi que as roupas eram realmente minhas e que a escolha delas não havia sido lá muito decente. Vesti o maior short e a maior blusa que achei e fui pra cozinha acender um cigarro no fogão. Ele me pediu um cigarro e riu com malícia perguntando se eu estava me sentindo em casa. Eu tremi e fiquei calada, não sabia qual tipo de resposta dar a uma pergunta que tinham tantas respostas. O que passou pela minha cabeça foi que eu nunca havia me sentido em casa em canto algum, e aquele local não era diferente. Então, se nem na minha casa eu me sinto em casa, talvez eu estivesse em casa, já que tinha para aquele local o mesmo apego que meu ao próprio lar. Entreguei o cigarro e sentei na sala de novo. Tocava Purple Haze, do Jimmy Hendrix, e comentei que parecia que ele havia pegado meu hd junto com a metade do meu guarda-roupa de verão. Ele disse que eu era muito inteligente, e riu. Disse que havia pensado em pegar a TV mas preferiu gravar alguns cd's das minhas músicas, as que ele gostasse também, é claro. Comecei a achar tudo aquilo muito parecido com alguma obra de Kafka. Perguntei o nome dele e ele me disse que eu saberia em breve.

Por: Desatinada
Data: terça-feira, fevereiro 27, 2007
Às 3:51 PM
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